segunda-feira, 4 de maio de 2009

Quando somos tocados por uma súbita tristeza e uma súbita alegria simultâneas, não conseguimos exprimir por palavras o nosso sentir. Ficamos meios parados, absortos do nosso sentir, até que algo seja filtrado e se torne visível. Alguém que de repente queremos que faça parte da nossa vida, que tocou a nossa alma, e bateu levemente as suas asas, trazendo a Luz. Por esse alguém, temos de que abdicar de sentir outros, que nos amam. Não que o Amor seja um canal único que saia de nós, não o poderá ser se o queremos sentir na sua dimensão imensa. Viver o Amor com alguém pressupõe que se percorra em conjunto um caminho iniciático. A gnose só pode ser entendida depois da abolição do eu, depois de nos libertarmos de qualquer desejo em possuir seja o que for em nós, mesmo o amor do outro, e aí iniciarmos um verdadeiro conhecimento do que somos. Para saber o que somos temos que esquecer quem somos. Aí o amor é uma Luz intensa que nos ajuda nessa transcendência. O amor devolve-nos o ser cósmico, o pulsar do mundo. Nós não amamos uma pessoa, no amor buscamos beijar as estrelas com essa pessoa, sentir a órbita dos planetas, a primavera a subir no caule das flores, a água que nos envolve no ventre materno. O amor é um processo xamânico.

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