domingo, 12 de abril de 2009


Gosto especialmente da última frase deste texto: estar inocente do tempo. Dá-me uma sensação de infinito incrivelmente extensa. Quando meditamos, não existe princípio nem fim, e assim irá continuar, por a vida ser esse êxtase, esse espanto constante com o que nasce e o que se cria. O que somos está em constante transformação e renovação. Não existe tempo nem valor na profundidade do ser.
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A meditação é o movimento do amor. Não é o amor de um só ou de muitos. É a água que brota, inesgotável, e que qualquer pessoa pode beber, por um jarro qualquer, seja ele de ouro ou de barro. E acontece uma coisa singular, que nenhuma droga ou auto-hipnose pode fazer acontecer: a mente como que entra em si mesma, começando à superfície e penetrando sempre mais profundamente - até que profundidade e altura perdem o seu significado e toda a forma de medida cessa. Neste estado há completa paz – não um contentamento que surge como uma recompensa – mas uma paz que é ordem, beleza e intensidade. Pode ser destruída – tal como se pode destruir uma flor – e, contudo, devido à sua subtileza e ausência de rigidez, ela é indestrutível. Esta meditação não pode ser aprendida de outrem. Temos de começar sem nada saber sobre ela, e de ir sempre de inocência em inocência.
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É um êxtase que dá aos olhos, ao cérebro e ao coração, a qualidade da inocência. Se não vemos a vida como algo totalmente novo, ela torna-se uma enfadonha monotonia, uma rotina sem sentido. A meditação abre a porta ao incalculável, ao imenso.
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Meditar é estar inocente do tempo.
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Krishnamurti, em Meditações, Editorial Presença

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