sexta-feira, 17 de setembro de 2010


Jardim da Estrela, Abril de 2009

2 comentários:

  1. Cada um vê aquilo que quer ou que consegue. Em delírio andamos todos, sobretudo as mães- e eu que o diga. De qualquer modo é bom ver que as tuas fotografias despertam reacções.
    um abraço,
    Sofia

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  2. Obrigado Sofia linda e fiel amiga. Quanto ao outro comentário é assunto para escrever páginas e páginas. Acho que toda a história da literatura, e por certo, do homem, tem a ver com a sombra. E na verdade, fora de nós temos só um Sol, temos só uma sombra, mas dentro de nós temos vários Sóis, várias sombras. A complexidade do ser humano, do seu espírito, das suas emoções, das suas pulsões, do seu interior físico, da sua maravilhosa geometria cerebral, torna a vida um lugar deslumbrante de expressão do humano, um gigantesco parque de diversões que olhamos extasiados para a sua cÔr e luz. Somos sempre sombras porque não podemos abarcar o que somos na totalidade, não nos podemos construir como sonharíamos, nem dar um sentido lógico a todas as nossas acções. A ilusão e o sofrimento budista também implicam o reconhecer a imperfeição, a incompleta natureza dos sentimentos, a distância imensa que existe dentro de nós, do que somos, do que realmente somos. E existe uma coisa fundamental na sua visão do amor e da perfeição. A ausência de julgamento. A meditação é um instrumento extremamente útil no apaziguamento do espírito e do corpo. No fundo, meditar é limpar o apego. Apego a tudo. Até mesmo às ideias que temos de como os outros deveriam ser ou mesmo nós. Meditar é amar o vazio sem o preencher, porque ele já está cheio daquilo que é o verdadeiro ser dentro de nós. Meditar é ver claro, é ser um Sol. Mas e o amor, as paixões? Seria útil afastá-los, porque nos perturbam e nos viciam? O grande problema para mim é sempre o mesmo. Quem somos, qual a nossa verdadeira natureza como pessoas? Antes de sabermos isso, tudo, mesmo a suposta limpeza espiritual e vibracional, a auto-estima elevada,etc, é inútil. Porque vamos estar sempre em sintonia com algo que se calhar não somos nós, algo que inventámos para nos sentirmos bem connosco e orgulhosos da nossa evolução espiritual. Temos que eliminar completamente o orgulho no amor. Temos de eliminar qualquer sentido utilitário no amor. Meditar ajuda-nos a mergulhar mais fundo em nós. O amor também permite isso. O prazer sexual expande os nossos conhecimentos do universo, sem dúvida. Mas em geral, as pessoas contentam-se só com o prazer, desprezam as portas de auto-conhecimento e de descoberta mística que se abrem. Acabar com o juízo. Com o orgulho. Com o utilitarismo. Sentir a luz do que somos dentro de nós, sem medo de fantasmas e das sombras. Ver claro é um caminho, uma peregrinação. Não uma receita.

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