quinta-feira, 4 de novembro de 2010

(…) Há no amor alguma coisa (não direi que seja um defeito do amor porque o defeito está em nós próprios), mas qualquer coisa que não compreendemos na sua natureza. Por exemplo, o amor que sente por Justine não é um amor diferente por um objecto diferente, mas o mesmo amor que sente por Melissa tentando realizar-se através de Justine. O amor é terrivelmente permanente e cada um de nós só tem direito à sua pequena porção. Pode aparecer sob uma infinidade de formas e prender-se a uma infinidade de pessoas. Mas é limitado em quantidade, e não pode esgotar-se e desaparecer antes de alcançar o seu verdadeiro objecto. O seu destino oculta-se algures, nas mais profundas regiões da alma, onde acabará por se reconhecer como o amor de si, o terreno sobre o qual construímos uma espécie de saúde da alma. E isto não é nem egoísmo nem narcisismo.

Em Justine, de Lawrence Durrel, tradução de Daniel Gonçalves, Ulisseia

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