quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A profissão de arquitecto é extremamente exigente. Pressupõe que tenhamos um conhecimento pormenorizado do modo de construir, um perfeito domínio do espaço e das proporções, uma inteligência e percepção clara do que é necessário para que um projecto se adeque ao local e à função para que é destinado. E esse destino, essa sina do arquitecto, deveria ser, o de conceber algo intemporal, mas também, que vá de encontro às pessoas que usufruem do espaço criado, que lhes acrescente algo, como a beleza, ou um certo olhar particular sobre o mundo que as rodeia, que lhes traga um sentido de organização do espaço, que elas próprias adoptam para as suas vidas. Como um filho que em vez de estar dentro de uma barriga, somos nós que estamos no seu interior; respiramos e somos nutridos por esse ser, essa forma, que nos envolve.
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Existe algo que me faz confusão, mas é perfeitamente natural que aconteça, se na sua formação, o arquitecto não fôr sensibilizado para tal. Porque é que nem todos os arquitectos têm a percepção isenta, da qualidade do seu trabalho, e não sabem fazer o diagnóstico correcto das premissas que devem orientar e estruturar o seu projecto? Que fazer arquitectura é antes de mais criar um ser vivo, criar uma planta, criar um animal, que precisa de ser alimentado, acariciado, respirado, no fundo, sentido como algo que vai fazer parte de todos os nossos sentidos, que vai ser modificado e habitado por nós, ao longo do tempo, como um ser vivo, igual a nós. A forma-função deverá pois, ser orgânica...terá de dialogar com o espaço envolvente...deverá gerar encantamento.
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Como saber se somos bons arquitectos, ou melhor, se estamos a fazer boa arquitectura? Saber responder a essa pergunta faz parte da percepção e formação inerente a um bom arquitecto. Ver, reflectir, ensaiar soluções...e chegar a um objecto arquitectónico de qualidade, obedece a uma ideia que germinou no local de intervenção, percorreu a história da arquitectura e a sensibilidade cultural, espacial e poética de cada arquitecto envolvido. Um edifício concebido através unicamente da sua funcionalidade e que depois decoramos para que fique apresentável e credível, em geral, é um objecto morto, sem vida...como peça de arquitectura, desinteressante...

2 comentários:

  1. se calhar para ser bom em qualquer área, apenas
    é necessário, fazer as coisas com gosto.
    gostar do que se faz

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  2. Claro que existe isso, mas infelizmente não chega...ou então seremos todos amadores...não quer dizer que pessoas sem a técnica exigida para um determinado trabalho,não façam coisas que nos comovam e interessantes...

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