quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A escrita para piano de Brahms.

Somos levados nessa cadência,
semelhante ao colo materno;
um delicado toque das mãos:
de total aconchego tonal.

e os nossos olhos fixos,
nesse permanente flutuar,
nesse navegar musical.
Meu sorriso-farol.

Um respirar profundo,
que se prolonga
serenamente,
que perdura, infinito.

Algo permanece intocável:
Não o silêncio,
esse beija-nos docemente.
Talvez o mar, longínquo…
... uma melodia no olhar ...

De melancolia é feita a nossa felicidade:
de encontros dissonantes,
de sílabas e palavras,
que se acariciam, e esperam escutar:
o batimento, o pulsar.
.
O ambiente poético do primeiro intermezzo op.119 é vago e melancólico. Numa carta de Maio de 1893, Brahms conta a Clara Schumann:

"Estou tentado a copiar uma pequena peça de piano para ti, para saber se estás de acordo com o que vou dizer. Está cheia de dissonancias! Poderiam ser corrigidas e melhor explicadas -mas talvez elas não sejam do teu gosto, por isso, desejava corrigi-las só um pouco, para se tornarem mais apetitozas e agradáveis ao teu gosto. A pequena peça é extremamente melancólica e deve ser tocada muito devagar, não que isso seja uma obrigação. Cada compasso e cada nota devem soar como "ritardando", como se quisessem exprimir intensamente melancolia em cada nota, e cada uma, em luxúria e grande prazer, para além dessas dissonancias todas! Meu Deus, esta descrição deverá certamente despertar o teu desejo!"

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