quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

O meu gosto musical é algo de muito diversificado. Considero até ser de boa têmpera e substância. Intrigo-me por vezes pelo gosto por sons repetitivos, por uma música electrónica filiada na chamada Berlin-School (Tangerine Dream, Klaus Schulze,etc), onde o som vai evoluindo segundo uma base obssessiva de ritmos em arpeggio. Para mim é a música por excelência para trabalhar, mas olhando friamente para a coisa, é algo extremamente chato para a maioria. O que tem esta música de encantatório para os sentidos? Também a polifonia renascentista produz em mim um mundo de emoções infinito. Parece que a música entra em nós e começa a percorrer um caminho que a nossa consciência não consegue acompanhar. É uma viagem, uma “trip”. Agrada-me que a música tenha esse carácter inconclusivo, infinito, impalpável ao eu inteligente. Deve ser divertido observar os efeitos no cérebro, mas como saber o seu efeito emocional? E diríamos ser uma música tão fria! Depois é uma música de qualidade mais que discutível, e quando resvala, nem sempre, para um terreno “new age”, existe um perigo real de se sofrer de diabetes auditivo. Guloseimas espirituais, Iogas tónicos, mundos ideais a que se chega mediante uma série de receitas e mapas astrais. Existem muitas coisas essenciais a serem ditas pelos gurus “new age”, mas a obrigatoriedade de quase construirmos a pessoa perfeita faz com que muito do bom, que por imperfeito e incompreensível, exista, nós o queiramos ver pelas costas. Quando a música sai do seu carácter etéreo e abstracto e fica demasiado descritiva e agradável (nada que se assemelhe a beleza para mim), eu fujo a essa onda. Existe muita gente a fazer esta música, e alguns conseguem fazer um disco realmente envolvente, e os restantes de um gosto super duvidoso. Além de Klaus Schulze, músico fundador desta escola com Manuel Göttsching dos Ash Ra Tempel, que revelou uma constante qualidade na sua música, os Tangerine Dream não se mostraram tão constantes na qualidade das suas incursões. Mais recentes, os Radio Massacre International, e os Redshift sobressaem entre outros. Depois temos também alguém que estendeu a sua influência a vários campos: Steve Roach. Mas este merece um post à parte, tal a sua música nos toca em vários sentidos. Do que tenho estado a ouvir enquanto escrevo: Frank Van der Wel-eruptions(2001); ARC(Ian Boddy(músico influente e prolífico, mas só a espaços com temas interessantes, álbuns completos nem pensar)+Mark Shreeve (Redshift) e o tema “fracture” do álbum homónimo(2007), e Frank Klare-Berlin Parks(2003) e o excelente tema de 19minutos, Mauerpark.

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