quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

A minha forma de falar é realmente um dos meus truques para a meditação. Nunca se utilizou esta forma de falar: não falo para transmitir uma mensagem, antes pretendo parar o funcionamento da tua mente.(…)Não me preocupa se sou coerente, porque essa não é a minha intenção. Um homem que quer convencer e manipular-te através da sua forma de falar, tem que ser coerente, tem que ser lógico, tem que ser racional, tem que dominar o teu raciocínio. Pretende dominar com as palavras.
(…)Minha intenção é totalmente singular: utilizo as palavras para criar intervalos de silêncio. As palavras não são importantes, de modo que posso dizer qualquer coisa contraditória, qualquer coisa absurda, qualquer coisa sem relação, porque a minha intenção é somente criar intervalos. As palavras são secundárias; primeiro estão os silêncios entre essas palavras. É simplesmente um truque para que vislumbres a meditação. E quando saibas que para ti é possível, avançarás muito no teu próprio ser. A maioria das pessoas no mundo pensa que não é possível que a mente esteja em silêncio. E como acham que não é possível, não tentam. Minha razão básica para falar, foi dar uma oportunidade às pessoas de experimentar a meditação, de modo que posso falar eternamente, não importa o que estou a dizer. A única coisa que importa é a oportunidade que te dou para estares em silêncio, coisa que por ti mesmo, se afigura difícil.
Não te posso obrigar a estar em silêncio, mas posso criar um estratagema em que, sem dúvida, entrarás em silêncio espontaneamente. Estou a falar, e no meio de uma frase, quando tu esperas que apareça outra palavra, não aparece nada, só silêncio. E a tua mente está à espera de ouvir, algo, e como não se quer perder, naturalmente entra em silêncio. Que pode fazer a pobre mente? Se soubesses em que momento me vou calar, tendo a certeza em que momento me vou calar, então conseguirias pensar, e não entrarias em silêncio. Então saberias: “Este é o momento em que ele se vai calar, agora posso cochichar comigo mesmo”. Mas como chega absolutamente de repente…eu mesmo não sei, porque paro em determinado momento.

Em Osho, Autobiografia de um místico espiritualmente incorrecto, Planeta,2001

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