quarta-feira, 14 de abril de 2010


Foi na jazz e arredores que descobri este disco. É um excelente blogue de divulgação de Jazz, mais na área da improvização e do Free. Foi aqui também que comecei a ouvir coisas para mim estranhas ao ouvido. Mas o ouvido, mesmo pela sua forma, é um orgão para esculpir através de sons. O aparentemente duro produz peças de grande intensidade escultórica e emocional. Eu gosto de partir à descoberta e de alargar os meus horizontes. Em tempos participei num forum de jazz aqui na madeira, e tentei remar um pouco contra a maré de bater palmas sempre aos mesmos, e o resultado foi que fui expulso pelo guru do jazz daqui. Eu não percebia nada de jazz. O que até é verdade. Mas o que é isso de perceber? Por exemplo, o disco que refiro aqui, é completamente desafinado, desenquadrado no fraseado, e no entanto, cativa-me esse lado marginal. Será um grande disco? Não sei. Acrescenta é algo à minha escultura otorrinológica, e porque não, também à minha saúde mental, irriga-me o cérebro. Esse forum serviu para conhecer um dos meus melhores amigos e quem me abriu as portas para novas audições no jazz: José Medeiros. O José tem um especial tacto para descobrir a qualidade, o que é excitante em música, a magia. Fico contente de eu também o ter feito descobrir a música contemporânea e depois a clássica, e mais surpreendente é que ele consegue distinguir o importante do acessório. Chamo a isto perceber de música, não quer dizer saber enciclopédicamente música. É o que me interessa, e por isso gosto de tropeçar nestes artistas marginais, que nem sequer existem com qualquer estatuto. São o gesto do escultor, na orelha. Apalpam o silêncio e dão-lhe vida.

...Giuseppi Logan, saxofonista alto “desaparecido” há décadas sem deixar rasto, está prestes a regressar ao lado de cá pela mão da editora norte-americana Tompkins Square Records, confirmando as aparições de há um ano no Bowery Poetry Club, em Nova Iorque, face às dúvidas quanto à identidade do saxofonista que por vezes aparecia na esquina da 31st Street com a Eight Avenue. Foi em meados da década de 60 que o Giuseppi Logan Quartet (Giuseppi Logan, Eddie Gomez, Don Pullen e Milford Graves) gravou dois álbuns importantes para a ESP-Disk. De então para cá, quatro décadas passadas, que seria feito do homem? Para o quinteto que agrupou em Setembro último, Logan chamou músicos de duas gerações diferentes: os contemporâneos dos quartetos originais, pianista Dave Burrell e baterista Warren Smith, o contrabaixista francês Francois Grillot, que se junta ao trompetista e clarinetista Matt Lavelle.(tirado do blogue acima citado).

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.